quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Carta Aberta ao jornal O Globo

Sem qualquer pretensão de fazer política neste período de eleição, o intuito da divulgação dessa carta é mostrar que o reinado da Vênus platina está chegando ao fim. Perfeitas palavras de um ex-leitor, como se refere o autor do texto. Segue abaixo reprodução da carta.


Comecei a ler O Globo diariamente aos 6 anos de idade. Meus pais, leitores “compulsivos” (como se diz por aí, “minha mãe lê até bula de remédio”), eram assinantes do jornal e o hábito de iniciar o dia folheando as páginas d’O Globo foi rapidamente imitado por mim. Primeiro os quadrinhos, depois o caderno de esportes, até passar a ler o jornal “de cabo a rabo”. Conservei essa rotina por longos 24 anos. Até o dia de hoje, mantive o costume de iniciar o meu dia “sujando os dedos de tinta”, manuseando o papel.

É fato que, nos últimos anos, passei a fazê-lo sem o menor prazer. A notícia cada vez mais editorializada, os toscos subterfúgios para disfarçar os interesses econômicos e a opinião conservadora debaixo de um falso manto de “imparcialidade” cada vez mais difícil de sustentar.

Não que eu tivesse ilusões de ser O Globo um jornal isento. Sei das relações promíscuas dos membros do clã Marinho com os porões da ditadura civil-militar; guardo na memória o apoio às privatizações, o imenso destaque aos colunistas que vomitam obviedades preconceituosas e são louvados como “formadores de opinião” (de quem, cara pálida?), mas frente à decadência do velho JB (que, enfim, fechou suas portas, depois de longa agonia) e a fragilidade dos demais jornais, O Globo resistiu como alternativa de informação.

No entanto, gente ao processo de transformações que o Brasil viveu (e vive) durante o governo Lula, vocês ultrapassaram os limites do bom senso. Transformaram-se em um panfleto sujo, jogaram todos os manuais de jornalismo no lixo, assumiram o papel de “bastião da resistência” que os frágeis partidos de direita não conseguiram sustentar. Passaram a utilizar suas páginas para antecipar os discursos na tribuna que os jereissatis, fruets e virgílios, espumando de raiva, despejavam nas tribunas no dia seguinte.

Passei bons anos justificando para mim mesmo a manutenção da assinatura. A ausência de uma alternativa que me permitisse manter o hábito de ler um jornal impresso, a necessidade de saber o que “eles” (a direita retrógrada, anti-povo) pensam, os dois artigos semanais do Veríssimo…

Hoje resolvi encerrar o amargo ciclo de masoquismo e autoflagelação que se tornou a leitura d’O Globo. Os frágeis argumentos em que me agarrei aparecem ainda mais patéticos quando confrontados com a realidade: estou ajudando a financiar uma peça publicitária para a campanha do Serra. O Globo, há anos, deixou de ser um jornal digno do nome.

Vejamos: nos últimos dias, um escândalo de enormes proporções atingiu o governo tucano do RS. Qual o espaço destinado à cobertura do caso? Por que a prisão do governador do Amapá justifica a inclusão de uma foto do Lula na capa? O princípio da isenção não deveria fazer com que a “arapongagem” do governo Yeda (que espionava até crianças!) também surgisse na capa acompanhada de uma foto do Serra?

Poderia listar, no mínimo, um caso de jornalismo marrom por dia publicado nas páginas d’O Globo nos últimos 10 anos. E, ao mesmo tempo, sou incapaz de dizer qualquer coisa que beire a racionalidade para justificar a minha permanência como um finaciador dessa sujeira.

O fato é que, felizmente, hoje existem inúmeras opções de comunicação ao alcance de um “clique”. Uma ampla rede democrática de comunicação social constituiu-se na internet, várias vezes com maior agilidade de informação (“furando” os jornalões comprometidos com a vontade dos seus donos e com o lucro, e não com a liberdade de imprensa), e, sem sombra de dúvida, muito mais comprometida com a veracidade dos fatos.

Por último, quero me solidarizar com os vários profissionais que aí trabalham por necessidade e que não compactuam com a farsa que o jornal se transformou. Talvez, se o jornal admitisse que tem “lado” e o expressasse de forma mais explícita nos editoriais, sem manipular a pauta inteira de cada edição (como fazem veículos mais respeitáveis, como a Carta Capital), eu não estivesse hoje escrevendo essa carta. Mas prefiro pagar para ser enganado levando o meu filho em shows de ilusionismo, ao invés de servir como número nas estatísticas de assinantes que o setor comercial d’O Globo apresenta para os seus ricos anunciantes.

Bernardo Cotrim – Ex-leitor

PS: Como sei que minha carta nunca será publicada por vocês, tomo a liberdade de divulgá-la para os meus amigos e familiares. Talvez existam outras pessoas tão indignadas quanto eu, precisando apenas de um “empurrãozinho”.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PAPO DE RESPONSA ...


“Vivemos um tempo de intolerância e violência. O relacionamento entre as pessoas, comunidades, sociedade, tem sido tenso. Precisamos superar os estereótipos, evitar classificação e rótulos carregados de preconceito e reconhecer que todas as pessoas, de todas as cores, credos, raças, culturas e classes sociais contribuem para enriquecer a humanidade”.


A introdução foi retirada de uma breve apresentação sobre o Papo de Responsa, um projeto criado pela Polícia Civil em parceria com o Afroreggae no intuito de resgatar aqueles que se envolveram de alguma forma no tráfico, que já tiveram a experiência triste de conviver no mundo do crime. O coordenador do projeto e Policial Civil Roberto Chaves, vai com sua equipe à universidades, escolas, comunidades para mostrar que esse papo pode ser de igual pra igual, ou seja, de amigo pra amigo, que Polícial não é somente tapa na cara e mão na parede. A Polícia oferece total segurança, aliás, é nisso que devemos pensar quando falamos de polícia.

Claro que corrupção e descumprimento de funções há na grande maioria das profissões e isso é um outro papo. Esse Papo é mais que Responsa, a mídia precisa conhecer essa idéia, fazer valer a vontade de quem tem pretensão de mudar, começando pelo mais difícil e fortalecer essa garra dos bons policiais de se fazer um novo dia, um novo amanhecer. Mostrar um caminho mais justo a cada criança que acorda próximo a um fuzil e acredita que esse é o “poder”.

A sociedade precisa acreditar nessa mudança, colaborar para que a polícia também se aproxime de uma forma pacífica e proteger tudo e todos.


A pacificação nas comunidades através das Upps tem apresentado resultados positivos, espera-se que melhore ao longo do tempo, precisa-se acreditar que sim. O mais importante é começar, o restante vem acontecendo ao longo do tempo, é natural, precisamos ter paciência.
O que não podemos permitir é que se continue essa violência, esse medo da polícia. Afinal, esse projeto é para de uma vez por todas fazer a sociedade aproximar-se daquele que está pra servir ao estado e combater a violência, e claro, protegendo vidas e não as tirando.
Acredite nesse Papo, ele é maneiro e de Responsa.



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

LAPA QUERIDA ...




A minha lapa tão querida berço da boemia, onde os bambas se encontram pra fazer aquele samba.
Nas ruas, no vai e vem dos carros e das pessoas, a poluição sonora do som que toca nas casas noturnas.

O requinte que o povo trata o seu visitante.
A lapa de Carlinhos de Jesus, a Lapa do João, do Alessandro, do Carlinhos, do Juninho e de tantos outros.

Quando alguém me pergunta onde eu moro.
Eu digo: Na Lapa, o bairro da Boemia, do povo de samba da ginga de bamba.
Eu me orgulho de ter a Lapa como o meu referencial de moradia, aqui eu aprendi a ser malandra, ser carioca e falar com o corpo.

A minha música é o samba e pra quem não conhece é uma ginga só de nego bamba, eu te apresento, nós somos os donos do samba.
Que me desculpe Noel Rosa, Dona Ivone Lara, Seu Martinho, a grande Vila e Isabel e o querido Zeca Pagodinho, mas a minha LAPA é a terra que só cria os bambas, esses de hoje em dia.
Você ainda não conhece ? Não sabe o que está perdendo.

Sejam Bem-vindos .. A Lapa agora também é sua. Obrigada, Volte Sempre !